As eleições autárquicas de 2025 trouxeram um crescimento significativo da representação feminina nas câmaras municipais, com 48 mulheres eleitas presidentes em todo o país. Este número representa cerca de 15,6% do total de 308 municípios, quase o dobro face aos 9% registados em 2021. Apesar desta evolução, a presença de mulheres em cargos de liderança autárquica continua bastante abaixo do limiar de paridade de 40% definido na legislação nacional.
No entanto, o distrito de Vila Real destacou-se de forma positiva neste panorama, com a eleição de quatro mulheres presidentes de câmara, demonstrando sinais de mudança num território tradicionalmente marcado por lideranças masculinas.
Foram eleitas Maria de Fátima Fernandes (Partido Socialista) para a Câmara de Montalegre, Helena Lapa (Partido Socialista) em Sabrosa, Sílvia Silva (Partido Socialista) em Santa Marta de Penaguião e Ana Rita Dias (Partido Social Democrata) em Vila Pouca de Aguiar. Trata-se de uma representação que coloca Vila Real entre os distritos com maior número de mulheres autarcas, a par de Faro, Porto e Setúbal.
Este resultado ganha especial relevo quando comparado com distritos como Beja ou Leiria, onde nenhuma mulher foi eleita para liderar municípios. Também em distritos com maior densidade populacional, como Lisboa, a representação feminina continua residual, com apenas uma presidente de câmara eleita.
Apesar do progresso, a realidade mostra que a igualdade de género na política autárquica está longe de ser alcançada. Em muitos casos, as listas continuam a ser compostas maioritariamente por homens nos primeiros lugares, e a liderança de executivos municipais por mulheres ainda é a exceção. A lei da paridade estabelece que nenhum dos sexos pode representar menos de 40% nas listas candidatas, mas essa obrigatoriedade não se aplica diretamente à eleição para o cargo de presidente, o que contribui para este desequilíbrio.
No distrito de Vila Real, o aumento do número de mulheres eleitas pode sinalizar uma maior aceitação e confiança por parte do eleitorado nas lideranças femininas, mas também evidencia o esforço de alguns partidos para promover a representatividade.
A evolução positiva observada em Vila Real poderá servir de exemplo para outros territórios onde a presença feminina continua a ser limitada. No entanto, o caminho para uma verdadeira paridade exige mudanças estruturais, maior compromisso dos partidos políticos e uma aposta clara na valorização da participação cívica e política das mulheres.